
Príncipe Charles em Port Talbot (Geoff Caddick-AFP/14.dez.12)
Ele aceita mudanças, mas nem tanto. Futuro rei da Inglaterra, o príncipe Charles iniciou uma operação de bastidores para limitar a modernização de normas que regem a sucessão no trono. O tema ganhou força desde o anúncio de que William e Kate terão um bebê.
O ex-marido da princesa Diana, que já foi flagrado num grampo dizendo à então amante que queria ser o seu Tampax, é contra o fim da velha regra que proíbe herdeiros reais de se casarem com católicos. Hoje, quem contrariar o veto perde o direito a morar no Palácio de Buckingham. Para Charles, esta é a única forma de garantir a sobrevivência da Igreja Anglicana, na qual o rei ou rainha ocupa lugar equivalente ao do papa no catolicismo.
O filho de Elizabeth 2ª teria alertado para o risco de “consequências indesejadas” de uma mudança em reunião secreta com Richard Heaton, assessor do primeiro-ministro David Cameron. O encontro não apareceu nas agendas oficiais, mas foi revelado pelo tabloide “Daily Mail” e repercutiu nos principais jornais londrinos nesta terça-feira.
O lobby de Charles no governo não se limita a temas da monarquia. No mês passado, a imprensa britânica noticiou que ele se reuniu com oito ministros em 2012. O mistério sobre as conversas sugere que o príncipe possa ter usado seu título para defender interesses privados — uma suspeita que não chega a ser nova no Reino Unido.
Há mais de sete anos, o jornal “The Guardian” reivindica o acesso a 27 cartas confidenciais que Charles enviou ao governo trabalhista entre 2004 e 2005. No último round da disputa judicial, o procurador-geral britânico manteve o sigilo da correspondência. Segundo ele, sua publicação poderia comprometer a imagem de imparcialidade que é necessária ao futuro rei.
Este não seria um bom argumento para se divulgar a papelada?