O lobby oculto de Charles, o príncipe-Tampax
09/01/13 00:18Ele aceita mudanças, mas nem tanto. Futuro rei da Inglaterra, o príncipe Charles iniciou uma operação de bastidores para limitar a modernização de normas que regem a sucessão no trono. O tema ganhou força desde o anúncio de que William e Kate terão um bebê.
O ex-marido da princesa Diana, que já foi flagrado num grampo dizendo à então amante que queria ser o seu Tampax, é contra o fim da velha regra que proíbe herdeiros reais de se casarem com católicos. Hoje, quem contrariar o veto perde o direito a morar no Palácio de Buckingham. Para Charles, esta é a única forma de garantir a sobrevivência da Igreja Anglicana, na qual o rei ou rainha ocupa lugar equivalente ao do papa no catolicismo.
O filho de Elizabeth 2ª teria alertado para o risco de “consequências indesejadas” de uma mudança em reunião secreta com Richard Heaton, assessor do primeiro-ministro David Cameron. O encontro não apareceu nas agendas oficiais, mas foi revelado pelo tabloide “Daily Mail” e repercutiu nos principais jornais londrinos nesta terça-feira.
O lobby de Charles no governo não se limita a temas da monarquia. No mês passado, a imprensa britânica noticiou que ele se reuniu com oito ministros em 2012. O mistério sobre as conversas sugere que o príncipe possa ter usado seu título para defender interesses privados — uma suspeita que não chega a ser nova no Reino Unido.
Há mais de sete anos, o jornal “The Guardian” reivindica o acesso a 27 cartas confidenciais que Charles enviou ao governo trabalhista entre 2004 e 2005. No último round da disputa judicial, o procurador-geral britânico manteve o sigilo da correspondência. Segundo ele, sua publicação poderia comprometer a imagem de imparcialidade que é necessária ao futuro rei.
Este não seria um bom argumento para se divulgar a papelada?
Não lembrava mais essa do Tampax. Sensacional.
O príncipe Charles, assim como a rainha, tem o direito constitucional (e alguns diriam, até o dever ) de manifestar sua opinião aos ministros em conversas reservadas, mas, no sistema britânico, as regras de sucessão ao torno são definidas por lei e, portanto, são um assunto de competência do parlamento, onde a maioria é liderada pelos ministros.
O governo inglês introduziu em dezembro a “Succession to the Crown Bill” e o texto da lei deixa bem claro que a exclusão da linha sucessória por casamento com católicos será abolida. A abolição é inclusive retroativa de modo que membros da família real que haviam sido excluídos anteriormente por esse motivo, por exemplo o príncipe Michael de Kent, voltarão à linha de sucessão.
Ah!!!! Estas assangetes, que adoram publicar, mensagens privadas, normalmente fora de seu contexto histórico apenas para constranger alguém que é símbolo de algo que desprezam – ou então como ensina a psiqué terrorista, querem destruir, pois não a podem tê-la ou fazer parte dela por certos escrúpulos atávicos.
O mais curioso, é que o príncipe Charles deveria ser poupado destes constrangimentos, afinal um dos artífices da atual vaca sagrada do politicamente correto que é o ecologismo ideológico.
Mas enfim, se o colunista escalado para cobrir o Reino Unido pela Folha tem que usar um subterfúgio como uma conversa grampeada há duas décadas para desenterrar algo escatológico para sua headline, é sinal que para a Folha a Grã-Bretanha reduziu-se a uma Polônia como referência de pensamento, política, economia e artes.
Há cinco dias Belfast enfrenta tumultos por razão do não astiamento da Union Jack na prefeitura (o que pode não representar nada ou muito sobre a atual Grã-Bretanha, e como os Ulster serão abandonados à própria sorte pela Coroa que juraram proteger), mas creio que não daria para usar Jontex ou vômito ou salsicha com ovos no headline, então siga-se ao cordão das bobagens.
Realmente falta tranparência. Algo que a lei brasileira de acesso à informação tenta coibir. Enfim, a frase dita no artigo anterior parece não ser de todo verdadeira: “O caso de Thatcher, já antigo, é um pequeno exemplo dos anos-luz que ainda separam Brasil e Inglaterra no rigor com o uso do dinheiro do contribuinte”. Parece que a distância entre o modo de agir de ingleses e brasileiros não é tão grande quanto soa parecer.